O consumo de soja no Brasil tem aumentado. Há alguns anos, os produtos de soja, especialmente o “extrato hidrossolúvel de soja – leite de soja”, tinham baixa aceitação devido ao sabor não ser do agrado da maioria. Mas a indústria alimentícia mudou isso. Encontramos hoje nos supermercados diversos produtos à base de soja com sabor agradável. Muitos desses são “leites” destinados ao público infantil fazendo com que a bebida seja a opção de escolha de muitas famílias. Vivemos também uma época na qual a intolerância à lactose, o açúcar do leite, é cada vez mais comum em nossa população. Essa realidade faz com que as bebidas de soja sejam opções para os portadores dessa intolerância. Para os portadores da alergia à proteína do leite de vaca, a soja poder ser uma opção. No entanto, a alergia à soja também não é rara, fazendo com que essa bebida não seja uma opção para todos.
Para o consumidor é importante ressaltar que a bebida de soja, quando usada em substituição ao leite de vaca, deve ofertar proteína e cálcio. Portanto, olho no rótulo. Algumas marcas contêm suco de fruta misturado fazendo com que o teor de cálcio fique baixo. Não resolvem o problema.
Muitos estudos foram conduzidos com o objetivo de evidenciar os benefícios da soja. Indiscutivelmente a soja é uma aliada à nutrição saudável e aos bons hábitos na prevenção de problemas cardiovasculares. Também ajuda a amenizar os sintomas do climatério sendo um dos alimentos funcionais mais espetaculares para a mulher que passa por essa fase.
Devido aos fitoestrógenos presentes na soja, o uso diário de soja por crianças pode não ser interessante ocasionando o risco de menarca precoce nas meninas e a outra alterações hormonais que podem ter impacto até no crescimento. Além disso, não somente para crianças como também em outros grupos, é importante o cuidado com o uso porque a soja é rica em ácido fítico que prejudica a absorção de cálcio, zinco e ferro. Há ainda algumas substâncias anti-nutricionais dentre elas os inibidores de proteases que dependem de cuidados especiais para o preparo a fim de serem reduzidas nos alimentos derivados da soja e assim evitarem prejuízos na digestão e danos a órgãos como o pâncreas.
Os fitoestrógenos são também contra-indicados para portadores de disfunções na tireoide e para mulheres grávidas, fazendo com que a soja precise ser evitada por esse público.
A PTS – Proteína Texturizada de Soja – é amplamente utilizada pelo brasileiro seja em preparações que substituem a carne, seja na merenda escolar como forma de reduzir o custo da refeição. Não deveria ser tão usada. É uma forma ruim para o consumo da leguminosa devido ao processo pelo qual passa na indústria utilizando solventes químicos por exemplo. Salgadinhos com soja muitas vezes apresentam glutamato monossódico na receita para eu o sabor ruim seja neutralizado. Cuidado!
O shoyu, tofu e o missô, consumidos em países como a China e o Japão onde os casos de câncer de intestino e útero são menores, são produtos fermentados naturalmente e bastante interessantes. Podem fazer parte da rotina alimentar desde que bem orientados. A fermentação ajuda na saúde intestinal. Tais produtos contêm menos fitato (quanto mais fermentados naturalmente menos possuem) mas ainda assim precisam ser indicados por nutricionistas para consumo.
Texto: Nutricionista Mariana Braga Neves – Editora do site.