Nada mais gostoso do que um dia bonito e um passeio por trilhas e montanhas do nosso país. Além da escolha do vestuário adequado, calçado correto e dos equipamentos de segurança, os praticantes de trekking e montanhismo precisam ter uma outra preocupação: a alimentação adequada. Comer bem nesse tipo de esporte garante não somente disposição para enfrentar o que vier pela frente como também evita transtornos comuns como a desidratação e a hipoglicemia.
Em ambientes montanhosos as características da alimentação precisam ser adaptadas. Isso porque, além de nutrir, o alimento vai precisar manter o corpo em temperatura ideal e evitar alterações de pressão, além das indesejáveis câimbras. O primeiro ponto que precisamos pensar é que a alimentação precisa ser prática e que não teremos à disposição vários equipamentos como geladeiras, liquidificadores, etc. Muitas pessoas optam por alimentos liofilizados. São interessantes mas precisam ser mesclados como outras opções, na maioria das vezes mais saudáveis.
A primeira refeição do dia, o café da manhã, deve ser no acampamento. Para essa refeição a sugestão é leite em pó (de vaca ou de soja) com cereais (aveia, granola), frutas (maçã, banana, maça que são mais fáceis para conservação), biscoitos. Iniciada a caminhada, a ideia e hidratação. Sugere-se em torno de 400 ml a 600 ml de líquido por hora. Em ambientes muito altos, a recomendação aumenta. Bebidas desidratantes como café, chá mate, preto, chocolate e as alcoólicas não devem ser usadas. Quando não sabemos a procedência da água, uma dica é ferver o líquido antes de colocar no vasilhame. Uma boa sugestão é adicionar gotinhas de limão à água e uma pitadinha de sal. O carboidrato em gel deve ser usado mas é importante mesclá-lo a outros alimentos como frutas desidratadas (banana passa, damasco, figo, ameixa), barras de frutas e de cereais, saquinhos de mel para passar no biscoito, sucos de caixinha. Isotônicos em pó também são boas opções mas precisam de cálculo personalizado feito por nutricionista. Existem pastilhas que são ricas em eletrólitos e podem ser indicadas também. Podem fazer parte do cardápio ainda as oleaginosas como castanhas, nozes, amêndoas.
Os alimentos precisam ser organizados durante o dia em frequências personalizadas sendo 2 a 3 horas o mais indicado, intercaladas por momentos de hidratação correta.
De noite, a refeição tem a função de reposição energética. O macarrão e o arroz são boas opções. As leguminosas podem ser introduzidas no jantar. Ervilha, grão de bico e feijão de caixinha podem fazer parte dessa refeição. Uma boa opção que completa essa refeição são as farinhas de vegetais (agrião, couve, brócolis) e os mix de vegetais também de caixinha. Algumas vezes é possível levar vegetais para o preparo. Indica-se os mais práticos e de maior durabilidade como as cenouras e a beterraba que não necessitam nem de cozimento.
Como fonte proteica, para os vegetarianos, a proteína de soja texturizada entra como opção para alguns dias já que o preparo é rápido. Quinua, amaranto e chia e podem ser misturados aos vegetais para enriquecer a refeição. Para os onívoros, existem opções de carnes em caixinha, atum e sardinha em lata. O ovo embora de difícil transporte pode fazer parte da refeição também.
Para encerrar a noite, leite, leite de soja, frutas secas, cereais e biscoitos completam o dia e preparam o corpo para uma boa noite de sono.
Elaboração: Mariana Braga Neves – Nutricionista e coordenadora da Rede Nutrício de Atendimento Nutricional